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Quando buscar terapia?

  • psicottrauma
  • 23 de mai. de 2024
  • 3 min de leitura


Independente da classe social, gênero e cultura, o sofrimento bate à nossa porta, sem data e hora marcadas. Somos seres únicos, capazes de simbolizar nossas dores e medos em pensamentos e palavras. Ter  linguagem nos permite relembrar o passado, antecipar o futuro e criar uma realidade que, muitas vezes, nos prende em um ciclo de dor emocional.  Adicionalmente, somos todos passíveis de sermos expostos a muitos eventos adversos ao longo de nossa vida, que  promovem um emaranhado de sentimentos, emoções, pensamentos e sensações corporais difíceis de serem toleradas. 

Em um dia qualquer, a violência apresenta suas facetas, a tristeza persistente aparece, a ansiedade rouba a calma, o senso de lugar seguro desaparece, a confiança em se relacionar, esmorece. A instabilidade financeira, muitas vezes mascarada por fachadas de segurança, projeta-se como um labirinto onde as preocupações se multiplicam. As perdas de entes amados acontecem de forma repentina, apagando uma luz interior que outrora brilhava, deixando uma cicatriz emocional profunda.

Traições e decepções surgem nos caminhos. Os conflitos de valores entre o que gostaríamos de ser e fazer e o que, de fato, estamos sendo e fazendo. Senso de não pertencimento, de ser inadequado, de não ser amado, culpa que corrói, uma voz que canta lá ao fundo uma sensação de não ser suficiente. Para alguns, os antagônicos se abraçam: medo de gente e de solidão. Do amor e não saber amar, como canta Lenine. O eco das palavras cruéis de pais e mães ressoa, onde o amor, aparentemente, justifica a agressão, e a família, inquestionavelmente, se impõe acima de qualquer dor pessoal.

A ansiedade sussurra dúvidas e abala sua autoconfiança. A busca incessante pela felicidade e por sentido na vida muitas vezes atrela-se a um futuro condicional, "serei feliz quando...", tornando-se uma promessa adiada. A busca incessante por relacionamentos perfeitos conduz a uma solidão disfarçada de escolha. De repente, chega uma inquilina indesejada, não respeitando portas fechadas, a doença. Independentemente da idade, traz consigo os invernos da vida. O envelhecimento, que poderia ser uma celebração para muitos, para outros, traz medos, angústias e solidão, ou todos esses sentimentos ao mesmo tempo. 

Dificuldades em escolher, perder, desapegar de uma ideia, um conceito, um modo de vida, uma relação difícil. "Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares", como dizia Cecília Meireles em seu poema, Isto ou Aquilo. Muitas vezes, temos relações superficiais e coisificadas, deixando-nos ansiar por uma intimidade e vulnerabilidade que parecem distantes de alcançar. A casca protege, mas não preenche, o vazio emerge. 

Pode, ainda, ser difícil aceitar coisas boas da vida com leveza. Sempre à espreita do monstro, do choque chegar. Desfrutar da vida e fazer por prazer pode também ser algo estranho para muitos. Receber elogios e ser valorizado pode soar falso. O chicotinho mental trabalha a todo vapor: "não sou bom o suficiente, não sou uma pessoa boa, sou feia(o),  sou incompetente", dentre mil outros pensamentos de autoflagelo que a mente humana sabe tão bem aplicar.

Nesse momento, quando o sofrimento pesa sobre nossos ombros, a terapia pode ser um dos caminhos a ser escolhido. Ela nos auxilia a nos relacionarmos com esse sofrimento, desenvolver estratégias e habilidades para lidar com as questões que nos apresenta. Amplia as percepções, ensina a fazer análises, ajuda a entrar em contato com o que você sente e faz sentido. Ajuda a fazer escolhas mais conscientes. Terapia não é somente sinônimo de sofrer; pode também ser sinônimo de alívio, alegria, bem-estar, libertação, aprendizagens infinitas, e inclusive, aprender a lidar com  aquilo que é difícil, com pouca possibilidade de mudança. É um caminho que fortalece o que há de melhor em cada um, oferecendo a oportunidade de mudar não somente o mundo ao redor,  mas o mundo dentro de si mesmo. Como você se relaciona com seus pensamentos, suas emoções, suas sensações, com o seu senso de identidade. Ela emerge como um caminho de esperança, um convite para reescrever as narrativas internas, alterar o que é passível de mudança, aceitar o que não é, de uma forma mais resiliente e mais empoderada.


Para entender mais sobre como funciona a Terapia Comportamental, clique aqui:


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